segunda-feira, 14 de junho de 2010

" Pai, você foi a jogada mais certa"

O caso é o seguinte, tenho um pai que jura ser Papai Noel. Jura, jura, jura! Jura com os pés juntinhos e o símbolo dos escoteiros feito com as mãos.
Tem barba branca, veste uma sunga vermelha na praia e no Natal várias crianças fazem pedidos pra ele enquanto caminha pelo shopping ou onde quer que seja. Pra criança não tem isso de tempo e conveniência para se fazer pedido de Natal não. Em fevereiro, solzão na cara, praia a pino, lá está meu pai conversando com alguma criança, anotando os pedidos para o Natal. Anota sério, compenetrado, pegando detalhes do presente que é pra não correr o risco de errar a mão. Cá pra nós, sunga vermelha e barba branca é demais!!! Ele só quer sunga vermelha, camisa vermelha, bermuda vermelha... parece até um tomate. Mas, mas maaaaas é o Papai Noel! Oras.
Até aí tudo bem, porque ele achar e as crianças acreditarem piamente é uma coisa. Muitíssimo diferente de sair estampado no Jornal Diário de Pernambuco a matéria assumindo a dupla cidadania do meu pai.
Jingle bells a parte, em 19 de maio de 2010 saiu a matéria( presentão de aniversário, já que a fanfarra monástica de papito foi dia 25/05/2010). Fica fácil deduzir que ninguém poderia conversar coisa diferente de Brejo da Madre de Deus na festeeeeeeenha né. Ganhou até nome internacional: Brejo God´s Mother, dado pelos convidados da festa já um pouco alterados pelo lúpulo.
Tá aí pra quem quiser ler:

Agora diga: só tem artista nessa família!

E Papai Noel salvou Brejo da Madre de Deus
Agreste // Coordenador do desmonte de uma rocha de 390 toneladas que ameaçava casas ficou famoso no município Juliana Colares
julianacolares.pe@dabr.com.br
As manhãs passavam tranquilas na Rua Maria Tavares de Souza, uma íngreme via ladeada por casas coloridas. Comentava-se aqui e ali a possibilidade de, um dia, a calmaria ficar para trás. Alguns acreditavam. Mas poucos perdiam o sono por causa disso. E tudo continuava como sempre foi.

Com 9,8 metros de comprimento, rocha poderia atingir até 100 residências.Fotos: Cecília de Sá Pereira/DP/D.A Press 23-4-10
Até que um dia o medo, que a tantos parecia exagerado, se transformou em temor real. As noites já não eram as mesmas. As chuvosas, então, nunca foram tão aterrorizantes por aquelas bandas da cidade do Brejo da Madre de Deus, no Agreste pernambucano. A paisagem rochosa que emoldura grande parte do município era, agora, fonte de perigo. Uma rocha de 9,8 metros de comprimento, 8 metros de altura e aproximadamente 390 toneladas ameaçava rolar do alto de uma serra rua abaixo, atingindo entre 50 e 100 residências e pondo em risco até uma escola. Mas, para a felicidade dos brejenses, eis que surgiu Papai Noel e equipe para salvar os moradores de uma possível tragédia.

Longe de ser o personagem das fábulas infantis, José Lins Rolim Filho, engenheiro e coordenador do processo de "desmonte" da rocha, logo recebeu das crianças de Brejo o carinhoso apelido de Bom Velhinho. Culpa dos cabelos e da longa barba branca. Ele não se incomoda. Pelo contrário, ri quando, a cada passo que dá rua acima ou abaixo, encontra crianças que o chamam de Papai Noel. Forasteiro, o professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) adotou a cidade de Brejo da Madre de Deus como sua segunda casa enquanto a rocha era, aos poucos, despedaçada. Não foi tão simples. Mas a equipe conseguiu e, na última sexta-feira, a população pôde olhar para a pedra sem medo. A rocha, que antes tinha formato quase esférico, agora está cheia de quinas, bem presa ao chão. O perigo já não existe mais.


José Rolim Filho: ação justificada pelos riscos.
O trabalho foi meticuloso. Para não colocar as famílias que moram na área em risco, era preciso calcular cada furo. Isso mesmo. A rocha sofreu várias perfurações, cada uma com 1,6 m de profundidade. Dentro delas, foi injetada uma argamassa expansiva, trazida da China para Brejo da Madre de Deus. Misturado com água, o produto expande. Em 48 horas, o material dilatava o equivalente a 30% do volume inicial, provocando trincas. E assim, furo após furo, a porção da rocha que tirava o sono da população foi desmontada.

Susto - Enquanto a rocha ainda pairava imponente sobre a serra, as fileiras de casas da Rua Maria Tavares de Souza pareciam pinos de jogo de boliche a espera do strike. A agricultora Iracema Soares de Freitas olhava para a rocha temerosa de que a casa dela fosse o primeiro pino derrubado. Temia ver esmagado o que construiu com muito suor e calos nas mãos. Mais. Temia pela vida. A sua e as dos quatro filhos que moram com ela, de 11, 14, 22 e 23 anos. Quando foi morar no alto daquela rua, Iracema não havia sequer prestado atenção na rocha. Há cerca de cinco anos, começou a temê-la. "Era mais quando começava a chover. O pessoal dizia que a água a estava cavando por baixo. Quando chovia, eu dormia assustada", contou, sentada no batente de casa, olhando para o inimigo que, partido em pedaços, já não intimida mais.

O período mais crítico, para ela, foi quando toda a rua foi evacuada preventivamente para o desmonte de um bico da parte frontal da rocha. "Todo mundo foi lá para baixo. Eu fiquei com medo que ela caísse sobre a minha casa", disse Iracema. Restou-lhe rezar ao padroeiro da cidade, São José. Até hoje, reza. Desta vez por um motivo diferente. "A oração agora é de agradecimento. A gente tem que agradecer primeiramente a Deus, depois a Papai Noel", disse, adotando o apelido do qual as crianças tanto gostam. Menos de uma semana após o fim dos trabalhos, as noites já são mais tranquilas. Não há mais risco de rolamento. Não há medo. Só a lembrança de uma história que vai ser recontada por mais algum tempo.

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