Tem barba branca, veste uma sunga vermelha na praia e no Natal várias crianças fazem pedidos pra ele enquanto caminha pelo shopping ou onde quer que seja. Pra criança não tem isso de tempo e conveniência para se fazer pedido de Natal não. Em fevereiro, solzão na cara, praia a pino, lá está meu pai conversando com alguma criança, anotando os pedidos para o Natal. Anota sério, compenetrado, pegando detalhes do presente que é pra não correr o risco de errar a mão. Cá pra nós, sunga vermelha e barba branca é demais!!! Ele só quer sunga vermelha, camisa vermelha, bermuda vermelha... parece até um tomate. Mas, mas maaaaas é o Papai Noel! Oras.
Até aí tudo bem, porque ele achar e as crianças acreditarem piamente é uma coisa. Muitíssimo diferente de sair estampado no Jornal Diário de Pernambuco a matéria assumindo a dupla cidadania do meu pai.
Jingle bells a parte, em 19 de maio de 2010 saiu a matéria( presentão de aniversário, já que a fanfarra monástica de papito foi dia 25/05/2010). Fica fácil deduzir que ninguém poderia conversar coisa diferente de Brejo da Madre de Deus na festeeeeeeenha né. Ganhou até nome internacional: Brejo God´s Mother, dado pelos convidados da festa já um pouco alterados pelo lúpulo.
Tá aí pra quem quiser ler:
Agora diga: só tem artista nessa família!
E Papai Noel salvou Brejo da Madre de Deus
Agreste // Coordenador do desmonte de uma rocha de 390 toneladas que ameaçava casas ficou famoso no município Juliana Colares
julianacolares.pe@dabr.com.br
As manhãs passavam tranquilas na Rua Maria Tavares de Souza, uma íngreme via ladeada por casas coloridas. Comentava-se aqui e ali a possibilidade de, um dia, a calmaria ficar para trás. Alguns acreditavam. Mas poucos perdiam o sono por causa disso. E tudo continuava como sempre foi.julianacolares.pe@dabr.com.br
Com 9,8 metros de comprimento, rocha poderia atingir até 100 residências.Fotos: Cecília de Sá Pereira/DP/D.A Press 23-4-10 |
Longe de ser o personagem das fábulas infantis, José Lins Rolim Filho, engenheiro e coordenador do processo de "desmonte" da rocha, logo recebeu das crianças de Brejo o carinhoso apelido de Bom Velhinho. Culpa dos cabelos e da longa barba branca. Ele não se incomoda. Pelo contrário, ri quando, a cada passo que dá rua acima ou abaixo, encontra crianças que o chamam de Papai Noel. Forasteiro, o professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) adotou a cidade de Brejo da Madre de Deus como sua segunda casa enquanto a rocha era, aos poucos, despedaçada. Não foi tão simples. Mas a equipe conseguiu e, na última sexta-feira, a população pôde olhar para a pedra sem medo. A rocha, que antes tinha formato quase esférico, agora está cheia de quinas, bem presa ao chão. O perigo já não existe mais.
José Rolim Filho: ação justificada pelos riscos. |
Susto - Enquanto a rocha ainda pairava imponente sobre a serra, as fileiras de casas da Rua Maria Tavares de Souza pareciam pinos de jogo de boliche a espera do strike. A agricultora Iracema Soares de Freitas olhava para a rocha temerosa de que a casa dela fosse o primeiro pino derrubado. Temia ver esmagado o que construiu com muito suor e calos nas mãos. Mais. Temia pela vida. A sua e as dos quatro filhos que moram com ela, de 11, 14, 22 e 23 anos. Quando foi morar no alto daquela rua, Iracema não havia sequer prestado atenção na rocha. Há cerca de cinco anos, começou a temê-la. "Era mais quando começava a chover. O pessoal dizia que a água a estava cavando por baixo. Quando chovia, eu dormia assustada", contou, sentada no batente de casa, olhando para o inimigo que, partido em pedaços, já não intimida mais.
O período mais crítico, para ela, foi quando toda a rua foi evacuada preventivamente para o desmonte de um bico da parte frontal da rocha. "Todo mundo foi lá para baixo. Eu fiquei com medo que ela caísse sobre a minha casa", disse Iracema. Restou-lhe rezar ao padroeiro da cidade, São José. Até hoje, reza. Desta vez por um motivo diferente. "A oração agora é de agradecimento. A gente tem que agradecer primeiramente a Deus, depois a Papai Noel", disse, adotando o apelido do qual as crianças tanto gostam. Menos de uma semana após o fim dos trabalhos, as noites já são mais tranquilas. Não há mais risco de rolamento. Não há medo. Só a lembrança de uma história que vai ser recontada por mais algum tempo.
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