segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"Quando mentir for preciso, poder falar a verdade"


Final de semana e, mais uma vez, acabou a comida dos gatinhos. Resultado: "se mande para o supermercado patroa e compre a comidinha no nosso sabor predileto além de areinha higiênica que também acabará logo em breve".

Cumprindo ordens felinas, lá me vou.

Escolhe, escolhe, segue-se ao caixa de pequenas compras( teoricamente deveria ser rápido... teoricamente) e a saga se inicia. O caixa de compras rápidas serve pra tudo, exceto para compras rápidas. Serve para pagamento de boletos bancários, para compras do mês, para reclamações com o gerente, para contar moedas de um centavo na hora de pagar a conta de 37 reais e para tomar seu tempo e paciência. Enfureço só de ver umas comprinhas com mais de 20 itens na fila de caixa pequenas compras. Parei de contar os itens nos carrinhos alheios para evitar as rugas desnecessárias e prejuízo com botox no decorrer dos próximos 15 anos.

De conhecimento da LENTIDÃO do caixa rápido, os supermercados dispõe mercadorias em tooooooooooda longa fila em Z com algumas óbvias finalidades: que se passe o tempo de modo mais proveitoso e, essa mais forte, se consuma mais. Dentre as mercadorias, cito: chocolate, chocolate, revista de viagens, chocolate, revista Veja, papai Noel de chocolate, revista de fofocas, chocolate e... a surpreendente capacidade de prever novelas das 'revistas tico-tico no fubá', além de , claro, mais chocolate. Revistas tico-tico falam sobre como perder 10 Kg( DEZ! dê, é, zê! DEZ quilos) em um mês sem sofrer( SEM SOFRER! ésse, é, eme! SEM!), atualizam sobre quem está solteiro e quem casou no mundo televisivo, antecipam os capítulos das novelas, antecipam os capítulos das novelas e antecipam os capítulos das novelas. Já na capa de “Siricotico na saia” lê-se: Fulaninha voltará a andar após doação de células troncos do filho de Helena. Tá, da novela das oito só sei mesmo o nome de Helena e, por mim, todos os personagens chamariam Helena. Seriam: Helena Maia, Helena Morais, Helena Sanches, Helena da Silva, Helena empregada, Helena pai do tio, Helena Maradona, Helena Gêmeo bom, Helena Gêmeo mau, Helena Leblon... e assim seguiriam os capítulos. Mais fácil.

O fato é que fiquei sem palavras com essa “manchete”. Como assim? Como? Por que? Caramba, preciso me pronunciar! Não assisto a novela porque me cansa infinitamente pensar em nomes e arrumar motivos pra tudo. Os diálogos são falíveis e a lógica é totalmente ilógica. O que deveras impressiona é que, mesmo sem acompanhar a novela, sei que Helena Morais teve um acidente, ficou paraplégica e culpou Helena Araújo por isso. O detalhe é que NÃO FAZ O MENOR SENTIDO Helena Araújo ser culpada. Foi acaso do acaso e a coitada não colocou o pé propositalmente para a outra cair e quebrar o pescoço. O que sei é que foi um acidente de ônibus e tals. Helena Araújo até bofete já levou por conta do destino da Morais. Destino agora tem culpado!

Sei de tudo isso vendo a TV sem me ater a absolutamente nada. Difícil? Naaaaaaaaaada. Facílimo. Se a pessoa assistir o jornal da noite, obrigatoriamente saberá da novela, passa tudo no intervalo. Aff.

Repetindo: Destino agora tem culpado????? Foi o que o autor decidiu.

Maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaas, sapientemente, o autor- Manoel Helena Carlos- achou que destino também tem desculpado e arrumou um pivete, gerado pela culpada do destino alheio, para desculpá-la. Confuso? Pra mim também. Mas, vem cá, perdão precisa de um motivo maior? É isso agora? Para tetraplegia: doe células tronco e tudo fica “na boa”. Pelo que me lembro, perdão é algo que se dá sem motivo aparente. Perdoa-se quando se sente pronto para tal. Perdoa-se por perdoar. Perdoa-se por ser humano e nobre. Perdão não é amigo-secreto. Não se vende, não se compra, não se acha na esquina, não se troca numa pizzaria... Perdão se pede e se dá. De graça! Sem motivo maior ou gigantesco, como é o caso.

Mas se decidirmos mudar o parâmetros, avisem-me antes. Por favor, avisem. Hollywood está perdendo feio para terras tupiniquins e o México que cuide de suas 'noveliscas'.

3 comentários:

carla disse...

Amiga se vc acompanhasse a saga de Helena Morais teria visto a cena estapafúrdia de uma paraplégica que se porta o tempo todo como tetraplégica mas que na hora de chorar mexe tanto os ombros que mais parece uma bailarina de rumba.

Pausa para os comerciais.

Milena Matias disse...

Amiga, perfeita a resenha da novelistica...Helena Morais...heheheh. Genial!
Já te disso, volto a repetir, pra mim esse foi o melhor!!
beijo

Unknown disse...

Pois é, amiga! Vivemos na sociedade onde é conveniente dar nome às nossas frustrações, medos, ansiedades! Muito fácil descarregar tudo que nos deixa insatisfeitos, frustrados nas Helenas da vida.