Eis a resposta:
"Leituras para o Verão
By José Saramago
Com os primeiros calores, já se sabe, é fatal como o destino, jornais e revistas, e uma vez por outra alguma televisão de gostos excêntricos, vêm perguntar ao autor destas linhas que livros recomendaria ele para ler no Verão. Tenho-me furtado sempre a responder, porquanto considero a leitura actividade suficientemente importante para dever ocupar-nos durante todo o ano, este em que estamos e todos os que vierem. Um dia, perante a insistência de um jornalista teimoso que não me largava a porta, resolvi ladear a questão de uma vez por todas, definindo o que então chamei a minha “família de espírito”, na qual, escusado será dizer, faria figura de último dos primos. Não foi uma simples lista de nomes, cada um deles levava a sua pequena justificação para que melhor se entendesse a escolha dos parentes. Incluí nos Cadernos de Lanzarote a imagem final da “árvore genealógica” que me tinha atrevido a esboçar e repito-a aqui para ilustração dos curiosos. Em primeiro lugar vinha Camões porque, como escrevi em O Ano da Morte de Ricardo Reis, todos os caminhos portugueses a ele vão dar. Seguiam-se depois o Padre António Vieira, porque a língua portuguesa nunca foi mais bela que quando a escreveu esse jesuíta, Cervantes, porque sem o autor do Quixote a Península Ibérica seria uma casa sem telhado, Montaigne, porque não precisou de Freud para saber quem era, Voltaire, porque perdeu as ilusões sobre a humanidade e sobreviveu ao desgosto, Raul Brandão, porque não é necessário ser um génio para escrever um livro genial, o Húmus, Fernando Pessoa, porque a porta por onde se chega a ele é a porta por onde se chega a Portugal (já tínhamos Camões, mas ainda nos faltava um Pessoa), Kafka, porque demonstrou que o homem é um coleóptero, Eça de Queiroz, porque ensinou a ironia aos portugueses, Jorge Luis Borges, porque inventou a literatura virtual, e, finalmente, Gogol, porque contemplou a vida humana e achou-a triste.
Que tal? Permitam-me agora os leitores uma sugestão. Organizem também a sua lista, definam a “família de espírito” literária a que mais se sentem ligados. Será uma boa ocupação para uma tarde na praia ou no campo. Ou em casa, se o dinheiro não deu para férias este ano.
This entry was posted on Julho 10, 2009 at 12:01 am "
Agora a bricadeira seria: - O que indicar para ler no verão brasileiro?
Vejamos no que dá...
Um beijo meu lindos.
Boa semana saramaguiana!
Resumão:
Texto longo pede um resumo curto: ela estava com preguiça e copiou o texto de Saramago, aquele velhinho que não enxerga mais direito e esquece de colocar pontos em todas as suas frases. Não vou resumir o texto do velhinho. Mas que leitura você indica para o verão: Livros de bolso como os malvados collection, garfield pocket e Hagar "O Horrivel"; e se você gosta de series talvez goste de Cascão e/ou Cebolinha (porque a mônica é um saco) - apenas.
E tenho dito, Ósculos e Amplexos - Adonay.
ps.: meu texto está com a letra maior porque é mais importante aos preguiçosos
ps.: meu texto está com a letra maior porque é mais importante aos preguiçosos
3 comentários:
Adorei, mas Kafta no verão??Acho que verão tem que ser uma leitura despretenciosa, sobretudo se for praia e se estiver de férias. Pra começar,revistas, muitas, são sempre bem vindas, bom pra ler na praia. Acho divertido também esses best sellers na linha código da vinci, biografias e livros de pensadores contemporâneos como Gilles Lipovetsky.Outro bom, "Memória de minhas putas tristes" de Gabriel Garcia Marques. Bucoviski tá na minha lista tbm.
No inverno a coisa muda, temos tempos amenos e ninguém vai se matar se ler algo mais denso, daí vale os grandes autores e clássicos.
Contra-indicado em todas as estações: Livros de auto ajuda.
Beijo!
Confesso: Morro de preguiça de ler Saramago... Parágrafo muiiiiiiiiiiito longo. Adepto ao romantismo, a la José de Alencar. Não. Não pago o preço do parágrafo para saber o que ler no verão. Se brincar passaria todo o verão lendo o parágrafo. rs. Sim, confesso minha preguicite mental e inerente alienação que esta me impõe.
Minhas honestas desculpas aos admiradores de Saramago
Beijinhos
Hahahaha
Fran, Saramago nem é assim tão longo... mas achei cômica sua parceria com Adonay!
Depois de Macunaíma amiga, nada fica mais confuso ao ser lido.
Quem sabe um dia não posto Mário de Andrade aqui tb! rsrsrsrsrs
Mi, achei muito legal suas dicas. Mas confesso, minhas leituras de verão e inverno ñão seguem ritmo ou ordem ditadas pela temperatura. Kafka torna-se bem aprazível no verão... tente.
Nem as mortandades de Allan Poe são tão desagradáveis no verão de frente pro mar e comendo queijo coalho com melaço! rsrsrsrsrs
Beijo.
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