Pesquisa mostrou Salvador despontando como a capital dos solteiros. Não é nova a pesquisa, tão pouco a desconhecia. O caso é que decidiu-se filosofar a respeito a pedido de um amigo.
Mas como? Por que?
Salvador é o centro do mundo? Lá todos trabalham extensivamente e não se permite comulgar a vida com outrem? A noite de Salvador é imperdível e não sobra espaço para se cogitar sair das férias eternas? Não há jovens na cidade e são todos de meia idade viúvos? Os trios carnavalescos circulantes durante todo ano dividem a rua em esquerda: meninas, à direita: meninos... nunca se encontram?
Que nada! Nada disso é verídico!
Vejamos, São Paulo tem um potencial de divertimento infinitas vezes maior do que o de Salvador. A vida é corrida, tempo é dinheiro, bla bla bla. Ummmmmm... lá não é a capital da solteirice!
Minas possui as pessoas mais belas do Brasil, teoricamente, teoricamente. E lá também não é a capital?
Rio de Janeiro, com o ideal de corpos perfeitos, ardentes na praia, glamour, Cristo Redentor de braços abertos sempre. Não, não é lá. Mesmo com a benção do Senhor.
Nem é Manaus, onde parece ser bem mais difícil encontrar-se pessoas? Não, não.
A solidão está em Salvador. A busca e fuga e busca e fuga e busca... em Salvador. E compartilho das eternas queixas entre amigas e amigos. Todos se queixam. Mas no carnaval, ou em sua proximidade é comum ouvir:
- Tem fulano, tá ligando... mas vem o carnaval aí... sabe como é né?
- Não, não sei.
Nem tudo fica subentendido. Por acaso é carnaval por todo ano? Qual a graça tamanha do carnaval? A música é tão boa assim? O mundo se acaba depois do carnaval? E mesmo que acabasse, por que não dar uma chance a fulano, cicrana, beltranos já que o mundo vai acabar? Definitivamente não sei como é. Inconsciente coletivo... inconsciente não pode, nem deve, JAMAIS ordenar o consciente. Os sentidos, sim, o fazem, incluindo o sexto. Mas o insconsciente coletivo leva diretamente a uma burricigenação deselegante e pouco cortêz.
Seguindo a regra do inconsciente: Solteiros se divertem, Comprometidos engordam em casa com filminho de locadora, como sugerido pelo blog em questão.
Se há um inconsciente coletivo dignificando os comprometidos à eterna clausura, há uma total coerência em correr do comprometimento. Aí sim baby, não há quem queira. Quem sabe os anciões a desejem por terem as forças fadigadas após tanta diversão descompromissada.
Mas peraê! Nunca foi assim!!! Não há porque sê-lo. Nem faz muito sentido
Não se acorrenta ninguém hoje em dia, não se casa e assim permanece eternamente, não se chama bobagem apaixonar-se, não há porque angustiar-se. Sejamos felizes e é só. Apenas isso. A vida é curta, curtíssima. Simbora moçada.
Beijos.
Maria.
Excesso exceto
Lenine/ Arnaldo antunes
O que se abre aberto
Se aproxima perto
Pra esvaziar o já deserto
Desorienta o incerto
Ruma sem trajeto
Nunca existiu mas eu deleto
Querer sem objeto
Voz sem alfabeto
Enchendo um corpo já repleto
O excesso, o exceto
O etcétera e todo resto
Do chão ao céu, da boca ao reto
Eu só eu
No meu vazio
Se não morreu
Nem existiu
Só eu só
No meu pavio
Futuro pó
Que me pariu